terça-feira, 28 de dezembro de 2010

*Trate cada situação estressante como se você fosse um gato: se você não
puder comer ou brincar com a coisa, simplesmente se afaste!
Sabedoria Popular.*

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

27/12/2010

Hoje um grande amigo faria 38 anos, e seria um dia de festa!
Não me lembro da data de seu falecimento, nem do dia, nem do mês, tampouco do ano. Talvez seja até uma atitude inconsciente, mas nunca soube ao certo isso.
Ele era um ser humano cheio de vida, com um senso de humor ácido e afiado. Foi a pessoa mais importante do mundo na minha adolescência, sem ele teria sucumbido as tempestades que enfrentei nesse período difícil da minha existência. Atravessei a primeira desilusão amorosa e a separação dos meus pais amparada pela mão firme e dedicada dele.
O início da vida adulta nos separou. Quando chegou a hora de sermos gente grande, cada um seguiu seu caminho. Meus conselhos deixaram de ser válidos e ele estava por demais extasiado pela sua liberdade recém conquistada. Estávamos ávidos demais por viver a qualquer preço. Eu ansiando desesperadamente aquietar meu coração e ele, talvez pelo mesmo motivo, se aventurou destemidamente (como era de seu feitio) pela nova vida que se descortinava.
Cada um de nós dois trilhou caminhos que nos levaram para longe um do outro, buscando a mesma coisa.
Encontramos outras pessoas, fizemos novos melhores amigos, ficamos de mal.
Senti meu orgulho ferido quando deixei de ser referência. Estive preocupada demais com meus sonhos de amor, descuidei da nossa relação.
No desatino que se tornou a vida dele, assim como eu, encontrou somente miçangas, nada de valor verdadeiro. Mas ele buscou mais fundo nas entranhas da terra, e além dos vidros coloridos que por momentos fugazes aquietaram nossos corações, encontrou algo mais. Encontrou a resposta mais dura para a onipotência típica de todos nós, a falibilidade.
Apesar de termos traçado na infância uma trajetória comum, a vida nos afastou, mas a doença novamente nos uniria, algumas décadas depois.
Vi aquele homem enorme, mas de aspecto franzino,voltar a ser criança na necessidade de afeto e aceitação. Aquele que alçou voos distantes, como que a negar as próprias origens, resignar-se diante da impossibilidade de cuidar de si mesmo, manter-se de pé.
Eu o odiei quando soube da doença. Me indignei por que eu o avisei. Tive um pressentimento, corri para avisá-lo, mas não era mais um presságio para ele, era uma forma de constatação de uma possibilidade que eu não admitia, mas precisava acostumar-me com a idéia.
Orgulhoso, passou pela vida de cabeça erguida, odiava ser o alvo da atenção de pessoas que se apiedavam dele. Mesmo sem recursos, ríamos da possibilidade de realizarem eventos para arrecadar fundos, pois segundo ele, não era entidade filantrópica.
Estive com ele em alguns dos momentos difíceis pelos quais atravessou, mas não estive quando atravessava definitivamente para uma outra esfera.
Me recusei a guardar na minha retina a imagem dele entubado, inconsciente, apesar da minha cabeça me desafiar criando a cena, como forma de me penitenciar.
Não atravessei noite a fora em seu velório, como era de minha vontade. Não me despedi dele como deveria. Talvez por negação, talvez para ficar com a sensação de que logo nos veríamos.
Quase nunca penso nele, quase nunca o esqueço.
Sinto saudade de você Jefferson. Sinto saudade do meu Jeffinho, do irmão que meu coração escolheu.
Espero que você esteja bem, espero que ainda se lembre de mim. Espero que o maior medo de minha vida não tenha se concretizado ai onde está: perder você!
Sempre tive medo de ser desinteressante, mais nunca senti tanto medo de como tive de não ser mais interessante pra você.
Eu te amo Jeffinho.
Como nas palavras da canção de Roberto Carlos, que se aplicam como uma luva para nós dois:

Você foi o maior dos meus casos
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci
Você foi, dos amores que eu tive
O mais complicado e o mais simples pra mim

Você foi o melhor dos meus erros
A mais estranha história
Que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade faz lembrar
De tudo outra vez....

Você foi
A mentira sincera
Brincadeira mais séria que me aconteceu
Você foi
O caso mais antigo
O amor mais amigo que me apareceu

Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez

Esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade
Sem nada perder

Você foi
Toda a felicidade
Você foi a maldade que só me fez bem
Você foi
O melhor dos meus planos
E o maior dos enganos que eu pude fazer

Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim

Outra vez

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Eles cresceram...










“As paixões são como as ventanias que incham as velas do navio. Algumas vezes o afundam, mas sem elas não se pode navegar.”
Voltaire

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ao meu primeiro amor


Indivisíveis

O meu primeiro amor
e eu sentávamos numa pedra
que havia num terreno baldio entre as nossas casas.
Falávamos de coisas bobas, isto é,
que a gente grande achava bobas.
Como qualquer troca de confidências
entre crianças de cinco anos. Crianças...
Parecia que entre um e outro
nem havia ainda separação de sexos,
a não ser o azul imenso dos olhos dela,
olhos que eu não encontrava em ninguém mais,
nem no cachorro e no gato da casa,
que apenas tinham a mesma fidelidade sem compromisso
e a mesma animal - ou celestial - inocência.
Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu.
Não importava as coisas bobas que disséssemos.
Éramos um desejo de estar perto, tão perto,
que não havia ali apenas duas encantadoras criaturas,
mas um único amor sentado sobre uma tosca pedra,
enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se,
não sabia que eles levariam procurando
uma coisa assim por toda a sua vida...

Mario Quintana

Por Debajo De La Mesa

por debajo de la mesa acaricio tu rodilla
y bebo sorbo a sorbo tu mirada angelical
y respiro de tu boca esa flor de maravilla
las alondras del deseo cantan vuelan vienen van

y me muero por llevarte al rincónde mi guarida
en donde escondo un beso con matiz de una ilusion
se nos acabando el trago sin saber que es lo que hago
si contengo mis instintos o jamas te dejo ir

es que no sabes lo que tu me haces sentir
si tu pudieras un minuto estar en mi
tal vez te fundirias a esta hoguera de mi sangre
y vivirias aqui y yo abrazado a ti

es que no sabes lo que tu me haces sentir
que no hay momento que yo pueda estar sin ti
me absurbes el espacio y despacio me haces tuyo
muere el orgullo en mi es que no puedo estar sin ti

Luis Miguel
Fã confessa de bolero e de Luis Miguel, está é com certeza a música mais linda que ele já cantou. Fora a letra belíssima, tem a voz dele que é incomparável.
Existe algum ritmo que fale de amor mais que um bolerão? Não!!!

A hora do cansaço


As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gosto ocre na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dispersão

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.

...

Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.

Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projecto:
Se me olho a um espelho, erro-
Não me acho no que projecto.

...

(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)

...

Perdi a morte e a vida,
E louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida,
Eu sigo-a mas permaneço...

...

Paris, Maio de 1913
Mário de Sá-Carneiro (n. 19 Mai 1890 m. 26 Abr 1916)

in Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa
de Eugénio de Andrade (3ª. Edição)
Campo das Letras

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 11 de dezembro de 2010

Vou escrever um livro!

Não um livro de memórias, não que eu não as tenha rsrsrs, mas um livro de amor, para as minhas filhas.

Um livro de poesias, poemas, frases de amor e de sabedoria, que nortearam minha vida e me fizeram a pessoa que sou, não a pessoa que imaginam que eu seja.

Constatei que nada mudará a imagem que todos tem de mim e tenho medo que elas também não escapem ao meu esteriótipo, por isso vou escrever um livro.

Quero que elas saibam quem fui e oque me emocionou, mais importante do que escrever um livro de memórias, afinal quero escrever uma coisa que as deixe felizes, não tristes.

Decidi isso contemplando minha filha Laura dormir. O que deixar de bom de mim, para uma pessoa que me enternece de forma tão maravilhosa? Como fazer lembrar de mim uma pessoa que tem um cheirinho tão gostoso?

Não seriam minhas peripécias de infância, tampouco as intempéries da minha adolescência, nem mesmo a luta da minha vida adulta por um pouco de romance.

Quero que elas se lembrem de mim pela sensibilidade dos textos que me comoveram e me sustentaram durante toda a minha existência confusa.

Acho que elas vão gostar, e será também uma maneira de me revisitar.

Será uma egotrip!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Neuras femininas







Eu acredito em Papai Noel.


Está chegando a época do ano que eu mais gosto. Amo o Natal!!!

Digam o que quiserem, aquele blá blá blá sobre datas comerciais e etc. O Natal é especial!

Não tenho motivos para sentir o que sinto afinal, depois que meus pais se separaram o Natal nunca mais foi igual. Aliás, herdei dele esse apego por essa época do ano ( ao menos restou algo de bom...).

Sinto o cheiro do Natal, verdade! Ao andar pela cidade especificamente nesse momento do ano, consigo distinguir quando o espírito do Natal já circula entre nós. Loucura? Pode ser, mas eu realmente sinto e acho fantástico.

Volto a ser criança e para elas nada é impossível, tudo vai dar certo.

Minha árvore já está montada a espera dos presentes que podem ou não vir, mas ela está lá. Mesmo que os presentes não venham, ele virá, por que eu acredito nele!

Ainda escreverei mais sobre o poder mágico que o Natal exerce sobre mim, tudo a seu tempo. Só senti necessidade de registrar que ele já está entre nós, mesmo faltando mais de 15 dias para o Natal. É hora de nos confraternizarmos!!!

Escutatória

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar, ninguém quer aprender a ouvir.Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma".

Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.

Parafraseio o Alberto Caeiro:

"Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma".

Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.

Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos... Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.

(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.).

Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial.

Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais.São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.

Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado".

Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou".

Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.

O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.
E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.Eu comecei a ouvir.

Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.

A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.

Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto

Escutatoria - Rubem Alves - O amor que acende a lua.
Se você sente solidão quando a sós, está em má companhia.
Jean-Paul Sartre

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010


domingo, 28 de novembro de 2010

Quem quer comprar meu samba?


Fazia tempo que não se via algo com tanta qualidade na TV.
A atração conta a história de jovens atores de diferentes lugares do Brasil que sonham com o sucesso. Inspirado nos relatos de vida de 17 pessoas selecionadas em um teste de elenco para uma peça teatral, a nova série da Rede Globo,escrita por João Falcão, é baseada em fatos reais e busca aproximar a realidade e a ficção.
Com histórias que vão do humor as lágrimas e um texto extremamente sensível e delicado, os episódios são comoventes e sempre nos surpreendem.
O episódio mais tocante foi o de Eduardo, jovem negro criado pela avó. Com a música fantástica que Maria Gadú fez em homenagem a sua avó, o personagem nos faz sentir saudades daquela avózinha amorosa que todos nos tivemos (ou quase todos).
Vale a pena esperar acabar a Grande Família para assistir a Clandestinos!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Propaganda é a alma do negócio!



Criação da Almap para a nova coleção de Havaianas Spirit.
O redator dos anúncios é o Rynaldo Gondim.
Tu não tens a metade do poder de ferir-me, como eu tenho de ser ferido.
William Shakespeare

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ser VS Estar

Nós e os nossos mecanismos defesa do ego, não é mesmo?
Estou vivendo um momento muito especial na minha vida, isso é incontestável. Entre troca de fraldas e mamadas é inevitável a reflexão. Muitas horas perdidas em pensamentos e questionamentos quase que filosóficos.
Quem realmente sou? No que me tornei? Até que ponto acredito mesmo nisso? Até que ponto as outras pessoas acreditam?
Nada como o nascimento, uma situação super social, para te dar a real dimensão do seu lugar no mundo (pelo menos em sociedade rsrsr).
Fico pensando se enfim alcancei oque acreditava estar buscando, o esquecimento.
Se consegui alcançar, porque não me sinto feliz? Pq me angustia pensar que simplesmente poderia ter passado em branco a minha existência?
Essa situação me deixa incrédula. Sou tão convincente assim?
Oscilo entre a dúvida de que algumas pessoas realmente não merecem um segundo olhar mais atencioso, ou simplesmente não valem mesmo a pena. Poderia ser justificado tbém pela superficialidade das relações atuais, mas esse papo de psicólogo social não me convence.
Oscilo ainda entre aceitar que costrui uma armadura indestrutível e de uma verdade que transcende a própria realidade ou simplesmente me curvar e aceitar resignada a minha total inabilidade social.
Como diria Erasmo no meu hino pessoal:

"Sei que você fez os seus castelos
E sonhou ser salva do dragão
Desilusão meu bem
Quando acordou estava sem ninguém
Sozinha no silêncio do seu quarto
Procura a espada do seu salvador
Que no sonho se desespera
Jamais vai poder livrar você da fera
Da solidão"

Só mais um desabafo... seria mais fácil se eu conseguisse me ver pelos olhos dos outros, ou mesmo se eu realmente fosse da maneira como me enxergam.
Talvez fosse mais feliz? Não sei, mas com certeza seria mais fácil.


"Quando não existem inimigos interiores,os inimigos exteriores não
conseguem ferir você."
-Provérbio Africano-

"Quando estás certo, ninguém se lembra; quando estás errado, ninguém
esquece". (Provérbio Irlandês)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Para quem é mãe de meninas.


Menina é feita, primeiro,
de sonhos; basta se olhar
seu olhar de quem caminha
com a pressa de chegar
ao fundo de um oco mágico
pra onde - com seu colete,
um relógio de corrente
e passos muito apressados-
um agitado coelho
de olhos muito vermelhos
a conduz com a certeza
de que estão sempre atrasados.

Menina, como se sabe,
não tem a força de um menino,
mas tem a enorme coragem
de se jogar, por inteiro,
no poço de seu destino.. . .


Menina pode deixar
mãe e pai bem assustados
sem saber notícias dela,
pois cresce assim de repente
e escapa pela janela.

Meninas não gostam muito
é de ser contrariadas
e dão um certo trabalho
para, então se convencer
de que podem estar erradas.
E falam muito sozinhas,
ou melhor: pensam baixinho,
sobre seu jeito de ser:
alcançam bem mais depressa
que o resto da humanidade
o cantinho mais remoto
do seu próprio coração.

É preciso ter cuidado
com o que se diz às meninas,
pois, como já lhes contei,
muitas vezes elas choram
por coisas bem pequeninas.
Meninas não aprenderam
ainda bem a calcular
a quantidade de lágrima
que merece cada dor.

As meninas das estrelas
às vezes acordam tristes
e perguntam a si mesmas
- como num verso longínquo
de um poeta do meu tempo
que enternecia as meninas -
por que suas mãos pequeninas
amanheceram tão frias
discordando sem querer
" das humans alegrias ."

Às vezes, elas acordam
- no dizer de gente antiga-
com o ovo atravessado
e aí não adianta briga.

Basta um pouco de cuidado,
um pouco de atenção
pra deixar que elas voltem
por sua própria decisão
sem palpite algum a dar
ao seu doce bom humor
( como elas sabem voltar ).

Este texto foi retirado do livro Menina das Estrelas, de Ziraldo

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

35 semanas ... Que comece a contagem regressiva.



O espaço está ficando apertado dentro do útero. Motivos para isso não faltam. O pequeno não pára de ganhar peso. Ele acaba de chegar aos 2,5 kg e, por isso, suas pernas e seus braços ficaram mais gordinhos nesta semana. Seu filho também deu uma espichada e, da cabeça aos pés, agora mede 45 centímetros. Como sempre, ele continua chutando, mas tem dado um tempo nos pontapés e em outras estrepolias. Afinal, o útero já não permite movimentos muito expansivos... Depois que ele nascer, aí, sim, vai voltar a dar muitos chutes e cambalhotas.

Sua barriga - que agora merece, com todas as honras, ser chamada de barrigão - subiu mais um pouco. São 35 centímetros de altura e, desse jeito, mal sobra espaço para a bexiga inflar. É tanta pressão que, a cada instante, ela cobra de você uma nova corrida até o banheiro. Mas a jornada da gravidez está quase no fim: faltam só cinco semanas para o bebê nascer. Você deve estar contando os segundos para o seu filho chegar e, com certeza, organizou todo o enxoval dele.

Marina perdeu ganhando


Com uma campanha que misturou ecologia e fé, Marina sai da eleição maior do que entrou

Mariana Sanches


Com 19,5% dos votos válidos, Marina terminou a eleição presidencial em terceiro lugar, mas sai das urnas como uma liderança política nova e promissora. O porcentual de votos válidos de Marina é, entre os terceiros colocados, o maior em todas as eleições presidenciais realizadas desde a redemocratização. Ela superou o desempenho de Heloisa Helena, em 2006, Anthony Garotinho, em 2002, Ciro Gomes, em 1998, Enéas Carneiro, em 1994, e Leonel Brizola, em 1989. Sua votação foi superior inclusive à de Lula em 1989, que passou para o segundo turno contra Fernando Collor com 16% dos votos válidos.

O resultado, “excepcional”, segundo o cientista político André Singer, da Universidade de São Paulo (USP), a credencia a liderar uma nova força política de oposição. “Marina percebeu, antes de todos, a existência de um espaço na política e se colocou nele”, diz Singer. “Esse resultado eleitoral permite que ela inicie um trabalho de longo prazo, de organizar uma base social em torno de seu projeto.”

Marina conseguiu essa façanha depois de um longo calvário no governo Lula. À frente da pasta de Meio Ambiente, ela perdeu disputas e prestígio para a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. As rusgas a levaram a deixar o PT, partido que ajudou a fundar. Cortejada pelo Partido Verde, que enxergou em Marina a possibilidade de superar a condição de nanico, ela resolveu lançar-se à disputa presidencial. Na campanha, defendeu uma agenda que mistura a preservação do meio ambiente com críticas ao “desenvolvimentismo”. É o tipo de discurso político que encontra mais fácil aceitação em países escandinavos, com alto índice de desenvolvimento humano. Mesmo lá, onde as preocupações com o estômago não costumam se sobrepor às demais, políticos “pós-materialistas” sofreram revés depois que o mundo foi sacudido pela crise econômica de 2008.

Em um país com 15% de pobres na população, segundo cálculo da Fundação Getúlio Vargas, Marina ousou defender a interrupção de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em favor do meio ambiente e a instalação de placas solares nos tetos das casas populares. Isso torna seu sucesso eleitoral um caso ainda mais singular – que pode também estar relacionado ao perfil religioso de Marina. “A Marina é uma mistura de ecologismo com fé na Assembleia de Deus. Ela não é bem um personagem pós-moderno europeu. É um fenômeno peculiar”, diz o cientista político Jairo Nicolau, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

A CANDIDATA

Marina Silva em frente ao Congresso, em foto tirada em maioMarina superou sérias limitações para fazer campanha. O PV é um partido pequeno, sem democracia interna, muito desigual regionalmente e dirigido há mais de dez anos por José Luiz de França Penna, cujo cargo político mais relevante foi o de vereador em São Paulo. Marina disse que preferia estar só a ser incoerente e, por isso, optou por não fazer coligações nacionais. Isso deu a ela exíguos 83 segundos de propaganda eleitoral gratuita na TV. Marina estava mais próxima às condições de competição do nanico Plínio de Arruda, do PSOL, do que de seus principais adversários. Dilma Rousseff teve o equivalente a 7,5 vezes o tempo de TV de Marina. O tucano José Serra teve cinco vezes mais tempo. Mesmo na internet, a campanha de Marina enfrentou problemas. Nos dias que antecederam a eleição, o site do PV ficou fora do ar porque a quantidade de acessos era superior a sua capacidade.

Marina também não pôde contar com palanques estaduais. O PV lançou 11 candidatos a governador. Mas, exceto por Fernando Gabeira, no Rio de Janeiro, nenhum deles conseguiu mais que 2% nas pesquisas (nas urnas, o desempenho foi um pouco melhor. Fábio Feldmann em São Paulo, por exemplo, obteve pouco mais de 4% dos votos). No Rio de Janeiro, Marina obteve índices superiores aos de Gabeira. Lá, ela teve 31% dos votos. Gabeira, 20%. Logicamente, se alguém era ajudado quando ambos subiam ao palanque, esse alguém era Gabeira.

O resultado de Marina surpreendeu até mesmo os velhos caciques do PV, que achavam que sua campanha serviria basicamente para dar uma turbinada na magra bancada na Câmara (o partido tinha 15 deputados na última legislatura). O futuro político de Marina dependerá agora de sua capacidade de reformar e expandir o PV. O partido, na avaliação de alguns dos integrantes, tem uma imagem boa junto aos eleitores, a despeito de sua estrutura e comando frágeis.

Para conseguir mais espaço na política nacional, Marina precisará também ampliar sua base para outros grupos sociais. Nesta campanha, ela conseguiu, predominantemente, votos na classe média urbana, conectada à internet e jovem. O perfil religioso e a origem pobre de Marina podem facilitar a conquista de outras fatias do eleitorado. Entre agosto e setembro, as intenções de voto em Marina entre os evangélicos cresceram 7 pontos. É um sinal de que Marina tem potencial para expandir seu eleitorado. Se ela conseguir pintar de verde grotões e favelas, Marina, em outras eleições, poderá ser mais que uma terceira via.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tá chegando a hora.

Não existe pesar, só tristeza.
Não deixo quase nada para trás, só a sensação de vazio.
Tudo foi facilitado pra mim, não tenho do que reclamar.
Me tiraram quase tudo que pudesse deixar saudade. Só fica Gaubi, Kelly e Aninha.
Não queria sentir tristeza, queria estar feliz. Pq será que me sinto assim?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Crisálida...

A gestação está mexendo com minha cabeça e minhas emoções, incrível!

Sempre acreditei ser corpo mole quando ouvia das gestantes que uma gravidez nunca é igual a outra. Pensava: Imagina! o mesmo corpo, a mesma mãe, como assim??? Frescura!!!

É a mais pura verdade! Ser mãe aos 33 e aos 38 tem uma diferença absurda!!!

Como diz minha obstetra animadoramente... é a idade moça!

Como as coisas mudam né? Quanto radicalismo por qualquer coisa. Eu que o diga, a rainha do ou tudo ou nada.

Fora as modificações no corpo, mais que evidentes rsrsrs, ainda existem as modificações de humor. Digamos que estou com os nervos à flor da pele... mesmo! Estou extremante de extremos. Algumas pessoas me irritam profundamente, outras prefiro até evitar.

Tudo está muito intenso pra mim, não estou sabendo lidar com isso.

Aparento uma auto-suficiência que não existe, e nesse momento as pessoas se afastam mais ainda de mim, como se eu não precisasse de cuidados.

Não é uma reclamação, não mesmo! Acho que colhemos o que plantamos, mas não tem sido fácil.

Minhas 24 horas se transformaram em 24 minutos. Não consigo terminar nada daquilo que sofridamente consegui começar. Caos.

Os nove meses não são realmente à toa, tem toda uma razão de ser.

Caçador de mim


Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz
Eu, caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim

Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim
Milton Nascimento

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Nada como o bom e velho tempo!


Sou um ser humano emocional!

Primeiro sofro a dor do mundo, fico literalmente pra morrer de dor, depois o racional toma conta de mim, e é aí que o bicho pega.

Na fase da dor e da melancolia a culpa de tudo é minha, não consigo enxergar outros culpados, ou pelo menos os reais culpados pelo crime, mas... depois que passa a fase do choro e da vela, a lucidez é implacável!

As vezes prefiro acreditar piamente que o erro está em alguma coisa que fiz, não que não aconteça com frequência... acontece. Mas quando consigo enxergar além das lágrimas, quando o meu emocional sede espaço para o racional, consigo fazer um retrospecto acelarado de tudo que vi e ouvi, mesmo as conversas fúteis, frases soltas. Elas se encaixam como num quebra cabeça de 10.000 peças, em um piscar de olhos.

Foi o que aconteceu comigo a poucos dias. Só que nesse caso preferia continuar acreditando que eu havia errado. Não dá pra constatar que errei tanto na minha avaliação em relação a alguém.

Nesse caso foram duas perdas: a da separação e a do objeto idealizado.

Como diria Marisa Monte: Desilusão, desilusão, danço eu dança vc na dança da solidão.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

São tantas coisas...

A foto é dramática ... a frase tbém, mas é bem assim que me sinto nesse momento.
Sempre ouvi uma frase que diz o seguinte: Onde vc ganha o pão não tem que haver diversão.
Bastante forte e sábia essa frase, mas nunca se aplicou muito a mim.
Como não se envolver com pessoas as quais vc passa 8 horas juntas? É um exercício de convivência, é um casamento.
Não gosto de mudanças, elas sempre me atordoam mais do que as outras pessoas. Chegou o momento de mais uma grande reviravolta na minha vida profissional, vou me separar do meu grande amigo, do meu parceiro de trabalho. Vivendo e aprendendo a jogar... será?
Uma grande dúvida assombra meu coração: Pq???
Sinto que seguiremos caminhos extremamente opostos, talvez nos percamos um do outro.
Nesses 14 anos de trabalho tive a oportunidade de conviver com pessoas fantásticas: Dona Ana, Ana Lúcia ( A Assistente Social ! ), Ana Rosa, gente que se identificava com o trabalho, sentia a razão de ser daquilo tudo.
Agora, quando me acostumei a não esperar mais nada, aparece um moço simples, despretensioso, honesto, franco, sincero, humilde e acima de tudo extremamente envolvido pelos dramas do ser humano; de repente acabou.
Quando eu voltava a sentir amor pelo trabalho, reconhecer o que me fez escolher esse caminho... mais uma vez terei que me adaptar.
Em pensar que perco o parceiro de trabalho por uma causa tão pouco nobre.
Deixa pra lá... só um desabafo.
Vivendo e aprendendo a jogar.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Lugares Fantásticos: Marina Bay Sands

Se você quer curtir um mergulho nessa piscina, vai precisar gostar de altura... é no 55º andar!

mas nadar na borda não é tão arriscado quanto parece. Enquanto a água da piscina “infinita” parece terminar em um despenhadeiro, na verdade ela escorre para uma espécie de canal, de onde é bombeada de volta para a piscina principal. Tem três vezes o tamanho de uma piscina olímpica ( 150 metros de comprimento), é a maior piscina do mundo ao ar livre, nessas alturas.

foi feita no impressionante "Skypark", um espaço de lazer em forma de barco, empoleirado sobre as três torres que compõem o hotel mais caro do mundo, que custou a bagatela de 4 bilhões de libras esterlinas (quase inimaginável o número de zeros à direita em reais...), é o Marina Bay Sands, na cidade de Cingapura.











segunda-feira, 26 de julho de 2010

O assalto


— Alô? Quem tá falando?
— Aqui é o ladrão.
— Desculpe, a telefonista deve ter se enganado, eu não queria falar com o dono do banco. Tem algum funcionário aí?
— Não, os funcionário tá tudo refém.
— Há, eu entendo. Afinal, eles trabalham quatorze horas por dia, ganham um salário ridículo, vivem levando esporro, mas não pedem demissão porque não encontram outro emprego, né? Vida difícil... mas será que eu não poderia dar uma palavrinha com um deles?
— Impossível. Eles tá tudo amordaçado.
— Foi o que pensei. Gestão moderna, né? Se fizerem qualquer crítica, vão pro olho da rua. Não haverá, então, algum chefe por aí?
— Claro que não mermão. Quanta inguinorânça! O chefe tá na cadeia, que é o lugar mais seguro pra se comandar assalto!
— Bom... Sabe o que que é? Eu tenho uma conta...
— Tamo levando tudo, ô bacana. O saldo da tua conta é zero!
— Não, isso eu já sabia. Eu sou professor! O que eu queria mesmo era uma informação sobre juro.
— Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno. Assalto a banco, vez ou outra um seqüestro. Pra saber de juro é melhor tu ligá pra Brasília.
— Sei, sei. O senhor ta na informalidade, né? Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje em dia... mas, será que não podia fazer um favor pra mim? É que eu atrasei o pagamento do cartão e queria saber quanto vou pagar de taxa.
— Tu tá pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto!
— Longe de mim pensar que o senhor está de brincadeira! Que é um assalto eu sei perfeitamente; ninguém no mundo cobra os juros que cobram no Brasil. Mas queria saber o número preciso: seis por cento, sete por cento?
— Eu acho que tu não tá entendendo, ô mané. Sou assaltante. Trabalho na base da intimidação e da chantagem, saca?
— Ah, já tava esperando. Você vai querer vender um seguro de vida ou um título de capitalização, né?
— Não...já falei...eu sou... Peraí bacana... hoje eu tô bonzinho e vou quebrar o teu galho.
(um minuto depois)
— Alô? O sujeito aqui tá dizendo que é oito por cento ao mês.
— Puxa, que incrível!
— Incrive por que? Tu achava que era menos?
— Não, achava que era mais ou menos isso mesmo. Tô impressionado é que, pela primeira vez na vida, eu consegui obter uma informação de uma empresa prestadora de serviço pelo telefone em menos de meia hora e sem ouvir 'Pour Elise'.
— Quer saber? Fui com a tua cara. Acabei de dar umas bordoadas no gerente e ele falou que vai te dar um desconto. Só vai te cobrar quatro por cento, tá ligado?
— Não acredito! E eu não vou ter que comprar nenhum produto do banco?
— Nadica de nada, já ta tudo acertado!
— Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa...
(De repente, ouvem-se tiros, gritos)
— Ih, sujou! Puliça!
— Polícia? Que polícia? Alô? Alô?
(sinal de ocupado)
— Droga! Maldito Estado: quando o negócio começa a funcionar, entra o Governo e estraga tudo!

Luís Fernando Veríssimo

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Passeio Socrático.

Os shopping centers e a lógica religiosa do consumismo pós-moderno


Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir:

- "Qual dos dois modelos produz felicidade?"
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei:

- "Não foi à aula?"

Ela respondeu: - "Não, tenho aula à tarde". Comemorei:

- "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde".

- "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."

- "Que tanta coisa?", perguntei.

- "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando: - "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! - Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!"O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor.. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno.... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.

* Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, escritor e assessor de movimentos sociais, é autor de "Típicos Tipos" (A Girafa), prêmio Jabuti 2005, entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004).

terça-feira, 29 de junho de 2010

Oração da Noite.

Para pessoas que como eu infelizmente não sabem rezar...



Meu Pai,
agora que as vozes silenciaram e os clamores se apagaram,

aqui ao pé da cama minha alma se eleva a Ti para dizer:

creio em Ti, espero em Ti, amo-te com todas as minhas forças.

Glória a Ti, Senhor.

Deposito em tuas mãos a fadiga e a luta,

as alegrias e desencantos deste dia que ficou para trás.

Se os nervos me traíram,

se os impulsos egoístas me

dominaram, se dei lugar ao rancor

ou à tristeza, perdão, Senhor!

Tem piedade de mim.

Se fui infiel, se pronunciei palavras vãs,

se me deixei levar pela impaciência,

se fui um espinho para alguém, perdão, Senhor!

Nesta noite, não quero me entregar

ao sono sem sentir sobre a minha alma

a segurança de tua misericórdia,

tua doce misericórdia inteiramente

gratuita, Senhor.

Eu te agradeço, meu Pai,

porque foste a sombra fresca que

me cobriu durante todo este dia.

Eu te agradeço porque

- invisível, carinhoso, envolvente

- cuidaste de mim como uma mãe,

em todas estas horas.

Senhor, ao redor de mim

tudo já é silêncio e calma.

Envia o anjo da Paz a esta casa.

Relaxa meus nervos, sossega o meu espírito,

solta as minhas tensões,

inunda meu ser de silêncio e de serenidade.

Vela por mim, Pai querido,

enquanto eu me entrego confiante ao sono

como uma criança que dorme feliz em teus braços.

Em teu nome, Senhor,

descansarei tranqüilo.

Assim seja.

Ignácio Larrañaga

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Relacionamento: Tênis e Frescobol

Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos (relacionamentos) são de dois tipos: há os casamentos do tipo Tênis e há os casamentos do tipo Frescobol.
Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam mal. Os casamentos do tipo Frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa. Explico-me.
Para começar, uma afirmação de Nietzche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: "Ao pensar sobre a possibilidade do casamento, cada um deveria se fazer a seguinte pergunta:
"Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice?"
Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.
Sherezade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, e terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O Império dos Sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, Sherezade o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras.
E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes. Fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo:
"Eu te amo". Barthes advertia: "Passada a primeira confissão, eu te amo não quer dizer mais nada". É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: "Erótica é a alma".
Tênis é um jogo feroz. O objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: O outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, é justamente para aí que ele vai dirigir sua cortada. Palavra muito sugestiva - que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
Frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra. O erro de um, no frescobol, é um acidente lamentável que não deveria ter acontecido. E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...
A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá....
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão.. O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.
Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração.
O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres ao vento. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha, para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...
RUBEM ALVES
e-mail enviado por Renata Faitarone

quinta-feira, 24 de junho de 2010

MUNDO CORPORATIVO

Todos os dias, uma formiga chegava cedinho ao escritório e pegava duro no trabalho. A formiga era produtiva e feliz. O gerente marimbondo estranhou a formiga trabalhar sem supervisão. Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse supervisionada. E assim contratou uma barata, que preparava belíssimos relatórios e tinha muita experiência, como supervisora.
A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da formiga. Logo, a barata precisou de uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também uma aranha para organizar os arquivos e controlar as ligações telefônicas.

O marimbondo ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas em reuniões. A barata, então, contratou uma mosca, e comprou um computador com impressora colorida. Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a se lamentar de toda aquela movimentação de papéis e reuniões! O marimbondo concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga produtiva e feliz, trabalhava.

O cargo foi dado a uma cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial. A nova gestora cigarra logo precisou de um computador e de uma assistente (sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias e um controle do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e cada dia se tornava mais chateada.

A cigarra, então, convenceu o gerente marimbondo, que era preciso fazer um estudo de clima. Mas, o marimbondo, ao rever as cifras, se deu conta de que a unidade na qual a formiga trabalhava já não rendia como antes e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico da situação. A coruja permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um volumoso relatório, com vários volumes que concluía : Há muita gente nesta empresa!!

E adivinha quem o marimbondo mandou demitir? A formiga, claro, porque ela andava muito desmotivada e aborrecida.

Já viu esse filme antes?

Bom trabalho a todas as formigas!!!
P.S. Nem preciso dizer que AMEI esse texto! Criei até um novo bordão pra mim...
"Formigas unidas, jamais serão vencidas!!!"
e-mail enviado por Sandra Veloso

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Fantástica!

NÃO IMPORTA COMO FOI A REUNIÃO, MAS SAIA DE CABEÇA ERGUIDA!

Recebi esse e-mail da Cristina e achei fantástico!

Mal sabe ela como ele veio a calhar pra mim rsrsrsrsrs.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Moral da manga


O velho caipira, com cara de amigo, que encontrei num Banco, estava esperando para ser atendido. Ele ia abrir uma conta. Começo de um novo ano... Novas perspectivas...E como não podia deixar de ser, também começou ali um daqueles papos de fila de banco. Contas, décimo terceiro que desapareceu, problemas do Brasil, tsunami... Será que vai chover?Mas em determinado momento a conversa tomou um rumo: "- Qual é então o maior problema do Brasil para ser resolvido? "E aí o representante rural, nosso querido "Mazaropi da modernidade" falou com um tom sério demais para aquele dia:" - O Maior Problema do Brasil é que sobra muita manga!

Tentei entender a teoria...Fez-se um silêncio e ele continuou: " - O senhor já viu como sobra manga hoje debaixo das árvores? Já percebeu como se desperdiça manga? "Sim... Creio que todos já percebemos isto... Onde tem pé de manga, tem sobrado manga...E aí ele continuou:

" - Num país onde mendigo passa fome ao lado de um pé de manga... Isso é um absurdo! Num país que sobra manga tem pouca criança. Se tiver pouca criança as casas são vazias... Ou as crianças que tem já foram educadas para acreditar que só "ice cream" e jujuba são sobremesas gostosas. Boa é criança que come manga e deixa escorrer o caldo na roupa... É sinal que a mãe vai lavar, vai dar bronca, vai se preocupar com o filho. Se for filho tem pai...

Se tiver pai e manga de sobremesa é por que a família é pobre... Se for pobre, o pai tem que ser trabalhador... Se for trabalhador tem que ser honesto... Se for honesto, sabe conversar... Se souber conversar, os filhos vão compreender que refeição feliz tem manga que é comida de criança pobre e que brinca e sobe em árvore... Se subir em árvore, é por que tem passarinho que canta e espaço para a árvore crescer e para fazer sombra... Se tiver sombra tem um banco de madeira para o pai chegar do trabalho e descansar...Quem descansa no banco, depois do trabalho, embaixo da árvore, na sombra, comendo manga é por que toca viola... E com certeza tá com o pé na grama...

Quem pisa no chão e toca música tem casa feliz... Quem é feliz e canta com o violeiro, sabe rezar... Quem sabe rezar sabe amar... Quem ama, se dedica... Quem se dedica, ama, reza, canta e come manga, tem coração simples... Quem tem coração assim, louva a Deus. Quem louva a Deus, não tem medo... Nada faltará porque tem fé... Se tiver fé em Deus, vê na manga a providência divina... Come a manga, faz doce, faz suco e não deixa a manga sobrar... Se não sobra manga, tá todo mundo ocupado, de barriga cheia e feliz. Quem tá feliz.... não reclama da vida em fila do banco... "

Daí fez-se um silêncio...
Rubem Alves
e-mail enviado por Sandra Veloso

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O vestido azul.


Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita. Ela freqüentava a escola local. Sua mãe não tinha muito cuidado e a criança quase sempre se apresentava suja. Suas roupas eram muito velhas e maltratadas. O professor ficou penalizado com a situação da menina. "Como é que uma menina tão bonita, pode vir para a escola tão mal arrumada?".
Separou algum dinheiro do seu salário e, embora com dificuldade, resolveu lhe comprar um vestido novo. Ela ficou linda no vestido azul.
Quando a mãe viu a filha naquele lindo vestido azul, sentiu que era lamentável que sua filha, vestindo aquele traje novo, fosse tão suja para a escola. Por isso, passou a lhe dar banho todos os dias, pentear seus cabelos, cortar suas unhas.
Quando acabou a semana, o pai falou: "mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more em um lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal você ajeitar a casa? Nas horas vagas, eu vou dar uma pintura nas paredes, consertar a cerca e plantar um jardim."
Logo mais, a casa se destacava na pequena vila pela beleza das flores que enchiam o jardim, e o cuidado em todos os detalhes. Os vizinhos ficaram envergonhados por morar em barracos feios e resolveram também arrumar as suas casas, plantar flores, usar pintura e criatividade.
Em pouco tempo, o bairro todo estava transformado. Um homem, que acompanhava os esforços e as lutas daquela gente, pensou que eles bem mereciam um auxílio das autoridades. Foi ao prefeito expor suas idéias e saiu de lá com autorização para formar uma comissão para estudar os melhoramentos que seriam necessários ao bairro.
A rua de barro e lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania.
E tudo começou com um vestido azul.
Não era intenção daquele professor consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse o bairro. Ele fez o que podia, deu a sua parte. Fez o primeiro movimento que acabou fazendo que outras pessoas se motivassem a lutar por melhorias.
Será que cada um de nós está fazendo a sua parte no lugar em que vive?
Por acaso somos daqueles que somente apontamos os buracos da rua, as crianças à solta sem escola e a violência do trânsito?
Lembremos que é difícil mudar o estado total das coisas. Que é difícil limpar toda a rua, mas é fácil varrer a nossa calçada.
É difícil reconstruir um planeta, mas é possível dar um vestido azul.
Há moedas de amor que valem mais do que os tesouros bancários, quando endereçadas no momento próprio e com bondade.
Autor desconhecido.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

13 Leis..


1ª LEI - GUIA PRÁTICO DA CIÊNCIA MODERNA

Se mexer, pertence à Biologia.
Se feder, pertence à Química.
Se não funciona, pertence à Física.
Se ninguém entende, é Matemática.
Se não faz sentido, é Economia ou Psicologia.
Se mexer, feder, não funcionar, ninguém entender e não fizer sentido, é INFORMÁTICA.

2ª LEI - DA PROCURA INDIRETA

O modo mais rápido de se encontrar uma coisa é procurar outra.
Você sempre encontra aquilo que não está procurando.

3ª LEI – DA TELEFONIA

Quando te ligam: se você tem caneta, não tem papel.
Se tiver papel, não tem caneta.
Se tiver ambos, ninguém liga.

Quando você liga para números errados de telefone, eles nunca estão ocupados.

Todo corpo mergulhado numa banheira ou debaixo do chuveiro faz tocar o telefone.

4ª LEI - DAS UNIDADES DE MEDIDA

Se estiver escrito 'Tamanho Único', é porque não serve em ninguém, muito menos em você...

5ª LEI – DA GRAVIDADE

Se você consegue manter a cabeça enquanto à sua volta todos estão perdendo, provavelmente você não está entendendo a gravidade da situação.

6ª LEI - DOS CURSOS, PROVAS E AFINS

80% da prova final será baseada na única aula a que você não compareceu baseada no único livro que você não leu.

7ª LEI – DA QUEDA LIVRE


Qualquer esforço para se agarrar um objeto em queda, provoca mais destruição do que se o deixássemos cair naturalmente.
A probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete.

8ª LEI – DAS FILAS E ENGARRAFAMENTOS

A fila do lado sempre anda mais rápido.
Parágrafo único:
Não adianta mudar de fila, a outra é sempre mais rápida.

9ª LEI - DA RELATIVIDADE DOCUMENTADA

Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto à explicação do manual.

10ª LEI – DO ESPARADRAPO

Existem dois tipos de esparadrapo: o que não gruda e o que não sai.

11ª LEI – DA VIDA

Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.
Tudo que é bom na vida é ilegal, imoral, engorda ou engravida.


12ª LEI - DA ATRAÇÃO DE PARTÍCULAS

Toda partícula que voa sempre encontra um olho aberto.

13ª LEI – DAS COISAS QUE NATURALMENTE SE ATRAEM

Mãos e seios
Olhos e bunda
Nariz e dedo
Pobre e funk
Mulher e vitrines
Homem e cerveja
Queijo e goiabada
Chifre e dupla sertaneja
Carro de bêbado e poste
Tampa de caneta e orelha
Moeda e carteira de pobre
Tornozelo e pedal de bicicleta
Xixi e tampa de vaso
Leite fervendo e fogão limpinho
Político e dinheiro público
Dedinho do pé e ponta de móveis
Camisa branca e molho de tomate
Tampa de creme dental e ralo de pia
Café preto e toalha branca na mesa
Dezembro na Globo e Roberto Carlos
Show do KLB e controle remoto (Para mudar de canal)rsrs
Chuva e carro trancado com a chave dentro
Dor de barriga e final de rolo de papel higiênico
Mau humor e segunda-feira!
Bom humor e a sexta-feira!

terça-feira, 11 de maio de 2010

A LIÇÃO DO RATO


Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote.

Pensou logo no tipo de comida que haveria ali.

Ao descobrir que era ratoeira ficou aterrorizado.

Correu ao pátio da fazenda advertindo a todos:

- Há ratoeira na casa, ratoeira na casa !!

A galinha:

- Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.

O rato foi até o porco e:

- Há ratoeira na casa, ratoeira !

- Desculpe-me Sr. Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar. Fique tranqüilo que o Sr. será lembrado nas minhas orações.

O rato dirigiu-se à vaca e:

- Há ratoeira na casa,

- O que ? Ratoeira ? Por acaso estou em perigo? Acho que não!

Então o rato voltou para casa abatido, para encarar a ratoeira.

Naquela noite, ouviu-se um barulho, como o da ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego. No escuro, ela não percebeu que a ratoeira havia pego a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher...

O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital.

Ela voltou com febre.

Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha.

O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar
o ingrediente principal.

Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la.

Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco.

A mulher não melhorou e acabou morrendo.

Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar todo aquele povo.

Moral da História:

Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que quando há uma ratoeira na casa, toda fazenda corre risco.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Da minha precoce nostalgia


Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de Porto, dizer a minha neta:

- Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado. Tenho umas coisas pra te contar. E assim, dizer apontando o indicador para o alto:

- O nome disso não é conselho, isso se chama corroboração! Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte. Por isso, vou colocar mais ou menos assim:

É preciso coragem para ser feliz. Seja valente. Siga sempre seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão. E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação. Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você. Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim.

Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e a Austrália. Cuide bem dos seus dentes. Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro.

Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito..." Tenha uma vida rica de vida. Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro, tsc, é imprevisível. Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela. Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor. E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.

Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status. A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco! Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa de otimizar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.

Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação. Leia. Pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim. Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão. Cultive os amigos. Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas mais raras de amor. Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza. Era só isso minha querida.

Agora é a sua vez. Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?

Maria Sanz Martins

Somente para os fortes...

Recebi esse vídeo do Nasaré e achei demais!
Alguns comerciais são muito bem bolados.