sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Tomara.



Tomara que a neblina das circunstâncias mais doídas não seja capaz de encobrir por muito tempo o nosso sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer para ver também um bocadinho de céu.

Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos roubem o entusiasmo para semear de novo. Que a lembrança dos pés feridos quando, valentes, descalçamos os sentimentos, não nos tire a coragem da confiança. Que sempre que doer muito, os cansaços da gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda mais calma da nossa mente. Que o medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor.

Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de busca a ideia da alegria.

Tomara que apesar dos apesares todos, dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão da felicidade.

Feliz olhar novo


"O grande barato da vida é olhar para trás e sentir orgulho da sua história.
O grande lance é viver cada momento como se a receita de felicidade fosse o AQUI e o AGORA.

Claro que a vida prega peças. É lógico que, por vezes, o pneu fura, chove demais..., mas, pensa só: tem graça viver sem rir de gargalhar pelo menos uma vez ao dia? Tem sentido ficar chateado durante o dia todo por causa de uma discussão na ida pro trabalho?

Quero viver bem! Este ano que passou foi um ano cheio. Foi cheio de coisas boas e realizações, mas também cheio de problemas e desilusões. Normal. As vezes a gente espera demais das pessoas. Normal. A grana que não veio, o amigo que decepcionou, o amor que acabou. Normal.
O ano que vai entrar vai ser diferente. Muda o ano, mas o homem é cheio de imperfeições, a natureza tem sua personalidade que nem sempre é a que a gente deseja, mas e aí? Fazer o quê? Acabar com o seu dia? Com seu bom humor? Com sua esperança?

O que desejo para todos é sabedoria! E que todos saibamos transformar tudo em boa experiência! Que todos consigamos perdoar o desconhecido, o mal educado. Ele passou na sua vida. Não pode ser responsável por um dia ruim... Entender o amigo que não merece nossa melhor parte. Se ele decepcionou, passe-o para a categoria 3. Ou mude-o de classe, transforme-o em colega. Além do mais, a gente, provavelmente, também já decepcionou alguém.

O nosso desejo não se realizou? Beleza, não estava na hora, não deveria ser a melhor coisa pra esse momento (me lembro sempre de um lance que eu adoro): CUIDADO COM SEUS DESEJOS, ELES PODEM SE TORNAR REALIDADE.

Chorar de dor, de solidão, de tristeza, faz parte do ser humano. Não adianta lutar contra isso. Mas se a gente se entende e permite olhar o outro e o mundo com generosidade, as coisas ficam bem diferentes.

Desejo para todo mundo esse olhar especial.

O ano que vai entrar pode ser um ano especial, muito legal, se entendermos nossas fragilidades e egoísmos e dermos a volta nisso. Somos fracos, mas podemos melhorar. Somos egoístas, mas podemos entender o outro. O ano que vai entrar pode ser o bicho, o máximo, maravilhoso, lindo, espetacular... ou... Pode ser puro orgulho! Depende de mim, de você! Pode ser. E que seja!!!

Feliz olhar novo!!! Que o ano que se inicia seja do tamanho que você fizer.

Que a virada do ano não seja somente uma data, mas um momento para repensarmos tudo o que fizemos e que desejamos, afinal sonhos e desejos podem se tornar realidade somente se fizermos jus e acreditarmos neles!"



Autor: Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Uma prece.

Hoje meu amigo faria 39 anos, mas infelizmente não está mais entre nós. Foi estupidamente arrancado de nossas vidas. Ele encheu minha vida de alegria, me ensinou a dor do ciúme, a felicidade do cumplicidade, a alegria de um abraço sincero e a dor da perda. 
Jefferson, sinto muito a sua falta!


Que os meus instantes de egoísmo se desmanchem cada vez mais rápido. Que as minhas expectativas não sejam maiores do que a intenção de que o outro esteja tranquilo. Que a paz que ele possa experimentar seja sempre um perfume que acenda a minha alegria. Que o seu conforto seja também um motivo que continue inspirando os meus gestos mais doces e amigos. Que nenhum gesto meu aperte o seu coração, intimide o seu riso, acorde o seu medo, machuque a sua espontaneidade. Que as minhas vontades pequenas sejam dissipadas pela lembrança do quanto a sua felicidade me importa. Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras. É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos. Que ele entenda que eu não me desapontarei com a sua humanidade, com as suas dificuldades, com os seus territórios feridos, como, com o mesmo acolhimento, não me desaponto com os meus. Que tenha certeza de que eu quero muito que seja livre, saudável, contente; que seja. Que tudo aquilo que o preocupa, o desassossega, o faz sofrer, por Deus, seja logo transformado, assim como tudo o que o torna feliz seja mais e mais abençoado. Que alcance toda expansão que busca, todo voo que vislumbra, e possa sempre se lembrar de que é capaz de vencer os mais assustadores e impermanentes limites. Que quando todo dia acordar e deitar pra dormir, ele ouça eu dizer o seu nome baixinho nas minhas preces, e sorria por isso daquele jeito bonito. Que, não importa o tamanho da distância, nunca esqueça que o fato de existir mudou pra sempre a minha vida e que o mundo me pareceu muito mais bacana depois que descobri que existia. Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se. Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é. Que tenha paz. Que tenha paz. Que tenha paz. Ah, é claro, que tenha paz e acesso à alegria mais sincera também. Amém. 

 Ana Jácomo
http://anajacomo.blogspot.com/2011/12/uma-prece.html

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Que amar seja a regra nº 1
Que os beijos sejam apaixonados
Que nosso time seja campeão
Que transborde respeito, poesia e gratidão
Que as amizades sejam sinceras
Que pais e filhos cresçam
Que nossa força ajude os fracos
Que tenhamos coragem pra mudar
Que dê sempre praia
Que os pecados sejam deliciosamente cometidos
Que o plano de saúde não tenha utilidade
Que toque aquela música
Que os opostos se atraiam
Que os olhares sejam correspondidos
Que o salário dure todo o mês
Que na agenda sempre caiba mais um
Que o trabalho nos dê prazer
Que o pão nosso de cada dia seja farto
Que aquela viagem aconteça
Que as guerras sejam só de travesseiro
Que as drogas só sirvam pra curar
Que o mundo seja gentil com você
Que rios e florestas sobrevivam
Que o planeta seja mais feliz
Que a dieta seja infalível
Que o corte de cabelo seja genial
Que riscos sejam corridos
Que exista tempo para o que falta
Que você ganhe o que merece
Que a liberdade nunca tarde
Que a paz seja mundial
Que Deus continue brasileiro
Que você faça inúmeros pedidos e ótimas vendas (da Papel e Tudo, principalmente)
Que sejamos livres, que sejamos felizes
QUE A VIDA SEJA UMA FESTA!
Que estejamos sempre juntos!
Feliz natal!!!!! Todo o nosso amor e a nossa gratidão!!

TURMA DA PAPEL



quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Você ainda tem um sonho de infância?

Eu tenho!
Desde criança eu alimento o sonho de ter o natal eternamente na minha cabeceira. Um dia ainda ganho do Papai Noel um desses.










DESEJO



Desejo, primeiro, que você ame,
e que, amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer
e esquecendo não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que você tenha amigos
que, mesmo maus e inconsequentes,
sejam corajosos e fiéis,
e que pelo menos em um deles
você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
desejo ainda que você tenha inimigos,
nem muitos, nem poucos,
mas na medida exata para que, algumas vezes,você se interpele a respeito
de suas próprias certezas.
E que, entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo, depois, que você seja útil,
mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
quando não restar mais nada,
essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
mas com os que erram muito e irremediavelmente,
e que fazendo bom uso dessa tolerância,
você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
não amadureça depressa demais,
e que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer,
e que, sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
é preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste.
não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
que o riso diário é bom,
o riso habitual é insosso
e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra,
com a máxima urgëncia,
acima e a despeito de tudo, que existem oprimidos,
injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
erguer triunfante o seu canto matinal,
porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
por mais minúscula que seja,
e acompenhe o seu crescimento,
para que você saiba de quantas
muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
coloque um pouco dele
na sua frente e diga "isso é meu",
só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
por ele e por você,
mas que se morrer, você possa chorar
sem se lamentar, sofrer e sem se culpar.

Desejo por fim que você, sendo um homem,
tenha uma boa mulher,
e que, sendo uma mulher,
tenha um bom homem
e que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte,e quando estiverem exaustos e sorridentes,
ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
não tenho mais a te desejar.


Victor Hugo

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O nascimento de Jesus, um cordel sobre o natal.

Esse vídeo é fantástico!

A ideia é ser feliz.



Escolada com relação aos resultados das listas de intenções que prepararei para um monte de anos, aqui e ali encontro alguma e acho graça, reduzi para uma única proposta o que pretendo tornar presente no ano novo: escolha a escolha, no tempo possível, distanciar-me do que me afasta de mim e aproximar-me mais do que realmente é deleite pro meu coração e é capaz de acender lume nos meus olhos. Coisas às vezes muito simples, mas todas capazes de fazer o entusiasmo florir e me lembrar com sentimento mais nítido da preciosidade da vida.
Na prática, não é uma intenção fácil de ser cumprida, eu sei. Exatamente por isso é a única.

Ana Jácomo.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011



Não sou fã de postar aqui coisas de natureza muito pessoal. Ainda considero a privacidade um direito, além de uma necessidade. Preciso abrir uma exceção para falar da noite de ontem. Estive com minha família em Riolândia, para comermos um lanche, à noite. Que coisa mais legal! A praça da cidade está inteira iluminada e decorada com motivos natalinos. Havia umas duzentas pessoas, na sua maioria crinças, espalhadas pela praça, subindo no trenó do Papai Noel, se divertindo com seus familiares. No palquinho armado para um show que aconteceria posteriormente, um sonzinho bom embalava as pessoas que ali estavam. Velhos, crianças, papais e mamães com sorrisos nos rostos e uma cumplicidade que unia a todos nós ali: Como é simples ser feliz!  Sou aquela pessoa que, com quase 40 anos          (faltam só alguns meses), me enfeitiço pelo natal. Sempre digo as pessoas mais próximas que consigo sentir o cheiro dele chegando. É a magia dessa data tão especial que ainda hoje consegue me encantar e me emocionar. 
Nessa época do ano me permito voltar a ser criança, e sou muito feliz. Como diz o Augusto Cury: 

Ser feliz é sentir o sabor da água, a brisa no rosto, o cheiro da terra molhada. É extrair das pequenas coisas grandes emoções. É encontrar todos os dias motivos para sorrir, mesmo se não existirem grandes fatos. É rir de suas próprias tolices. É não desistir de quem se ama, mesmo se houver decepções. É ter amigos para repartir as lágrimas e dividir as alegrias. É ser um amigo do dia e um amante do sono. É agradecer a Deus pelo espetáculo da vida…

O que é o Natal



Eu, menino, sentado na calçada, sob um sol escaldante, observava a movimentação das pessoas em volta, e tentava compreender o que estava acontecendo.

Que é o Natal? - perguntava-me, em silêncio.
Eu, menino, ouvira falar que aquele era o dia em que Papai Noel, em seu trenó puxado por renas, cruzava os céus distribuindo brinquedos a todas as crianças.
E por que então, eu, que passo a madrugada ao relento nunca vi o trenó voador? Onde estão os meus presentes? Perguntava-me.
E eu, menino, imaginava que o Natal não deveria ser isso.
Talvez fosse um dia especial, em que as pessoas abraçassem seus familiares e fossem mais amigas umas das outras.
Ou talvez fosse o dia da fraternidade e do perdão.
Mas então por que eu, sentado no meio-fio, não recebo sequer um sorriso? - perguntava-me, com tristeza - E por que a polícia trabalha no Natal?
E eu, menino, entendia que não devia ser assim...
Imaginava que talvez o Natal fosse um dia mágico porque as pessoas enchem as igrejas em busca de Deus.
Mas por que, então, não saem de lá melhores do que entraram?
Debatia-me, na ânsia de compreender essa ocasião diferente.
Via risos, mas eram gargalhadas que escondiam tanta tristeza e ódio, tanta amargura e sofrimento...
E eu, menino, mergulhado em tão profundas reflexões, vi aproximar-se um homem...
Era um belo homem...
Não era gordo nem magro, nem alto nem baixo, nem branco, nem preto, nem pardo, nem amarelo ou vermelho.
Era apenas um homem com olhos cor de ternura e um sorriso em forma de carinho que, numa voz em tom de afago, saudou-me:
Olá, menino!
Oi!... Respondi, meio tímido.
E, com grande admiração, vi-o acomodar-se ao meu lado, na calçada, sob o sol escaldante.
Eu, menino, aceitei-o como amigo, num olhar. E atirei-lhe a pergunta que me inquietava e entristecia:
Que é o Natal?
Ele, sorrindo ainda mais, respondeu-me, sereno:
Meu aniversário.
Como assim? - perguntei, percebendo que ele estava sozinho.
Por que você não está em casa? Onde estão os seus familiares?
E ele me disse: Essa é a minha família, apontando para aquelas pessoas que andavam apressadas.
E eu, menino, não compreendi.
Você também faz parte da minha família... Acrescentou, aumentando a confusão na minha cabeça de menino.
Não te conheço! - eu disse.
É porque nunca lhe falaram de mim. Mas eu o conheço. E o amo...
Tremi de emoção com aquelas palavras, na minha fragilidade de menino.
Você deve estar triste, comentei. Porque está sozinho, justo no dia do próprio aniversário...
Neste momento, estou com você. - respondeu-me, com um sorriso.
E conversamos...uma conversa de poucas palavras, muito silêncio, muitos olhares e um grande sentimento, naquela prece que fazia arder o coração e a própria alma.
A noite chegou... E as primeiras estrelas surgiram no céu.
E conversamos... Eu, menino, e ele.
E ele me falava, e eu o entendia. E eu o sentia. E eu o amava...
Eu, menino: sou as cordas. Ele: o artista. E entre nós dois se fez a melodia!...
E eu, menino, sorri...
Quando a madrugada chegou e, enquanto piscavam as luzes que iluminavam as casas, ele se ergueu e eu adivinhei que era a despedida. E eu suspirava, de alma renovada.
Abracei-o pela cintura, e lhe disse: Feliz aniversário!
Ele ergueu-me no ar, com seus braços fortes, tão fortes quanto a paz, e disse-me:
Presenteie-me compartilhando este abraço com a minha família, que também é sua... Ame-os com respeito. Respeite-os com ternura, com carinho e amizade. E tenha um Feliz Natal!
E porque eu não queria vê-lo ir-se embora, saí correndo em disparada pela rua. Abandonei-o, levando-o para sempre no mais íntimo do coração...
E saí em busca de braços que aceitassem os meus...
E eu, menino, nunca mais o vi. Mas fiquei com a certeza de que ele sempre está comigo, e não apenas nas noites de Natal...
E eu, menino, sorri... Pois agora eu sei que Ele é Jesus... E é por causa Dele que existe o Natal.
Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Divino farol



Conta-se que um capitão, ainda bastante jovem, tinha acabado de se formar na Escola de Oficiais da Marinha e estava servindo num grande navio de guerra.

Sua frota estava fazendo exercícios num arquipélago, em meio a milhares de ilhas. Eles já estavam chegando ao final do dia, o tempo estava péssimo, com névoa densa e a visibilidade muito ruim.
Em certo momento, o vigia avisou ao comandante que havia uma luz piscando do lado direito. O comandante perguntou se a luz estava constante ou em movimento, e o vigia confirmou que a luz estava parada e num curso de colisão.
O comandante mandou uma mensagem para o suposto navio informando que ele estava numa rota de colisão e que seria necessário mudar seu curso em vinte graus, imediatamente.
Recebeu a seguinte mensagem: É melhor vocês mudarem seu percurso imediatamente.
O capitão pensou que a tripulação do outro navio não sabia quem ele era e transmitiu outra mensagem: Eu sou um capitão, por favor, mude seu percurso em vinte graus. Veio outra mensagem:
Eu sou marinheiro de segunda classe, senhor, e estou alertando que é preciso mudar o curso do seu navio, senhor.
O comandante ficou enfurecido e enviou sua mensagem final: Estou no comando da mais importante nau da frota. Não podemos manobrar tão rápido. Mude seu curso imediatamente. Isto é uma ordem!
Então, o comandante recebeu a mensagem final: Senhor, é impossível mudar nossa rota. Isto aqui é um farol. E eu, sou apenas o faroleiro.
* * *
Ao longo da sua trajetória evolutiva, não foram poucas as vezes que homens, investidos de cargos importantes ou em posições de destaque, têm se deixado levar pela soberba e pela vaidade, a ponto de não perceber a realidade que os cerca.
A história registrou inúmeras dessas situações, mas a mais célebre foi a ocorrida com Jesus.
Quando o Mestre de Nazaré Se posicionou diante dos doutores da lei, dos poderosos, dos que se julgavam acima do bem e do mal, qual farol iluminando a noite escura dos corações, foi crucificado.
Aqueles homens não admitiam que um simples carpinteiro, sem títulos nem riquezas materiais pudesse lhes indicar o rumo que deveriam seguir para evitar o naufrágio na escuridão das próprias trevas.
Investidos dos poderes transitórios e das glórias terrenas, fecharam os olhos para a Grande Luz que veio à Terra para iluminar consciências e perfumar corações.
Enceguecidos pelo brilho do ouro, desdenharam o maior tesouro já conferido à Humanidade.
Pseudossábios, iludidos pela prepotência do falso saber, desprezaram Aquele que foi e continua sendo o maior sábio de que se tem notícias.
Cegos pelo preconceito de raça, de casta e de religião, não aceitaram a orientação do Sublime Farol que veio a este mundo de misérias para conduzi-lo, como nau desorientada, ao porto seguro de um reinado diferente, que Ele próprio exemplificou.
E, não obstante todas as resistências oferecidas pelos poderosos daquele tempo e por alguns da atualidade, o Divino Farol continua orientando todos os que, cansados de se debater na noite escura dos sofrimentos e nas tempestades geradas pela ignorância, desejam chegar a um porto seguro.
E assim prosseguirá, até que todas as ovelhas do aprisco voltem ao Seu redil... Até o final dos tempos, conforme Ele mesmo afirmou.
* * *
Jesus é estrela de primeira grandeza.
Fez-Se, na Terra, um humilde carpinteiro para Se achegar aos corações doridos daqueles que estavam dispostos a saciar a sede de esperança e seguir Seus passos luminosos.
E, embora desprezado por muitos, continua sendo o Divino Farol a indicar o caminho que conduz ao Pai, através dos Seus luminosos ensinamentos.



Redação do Momento Espírita

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Os gênios sempre merecem ser reverenciados

Tributo ao tempo.

Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. 
A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades.
E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança tranqüila brincando de esconde-esconde. 
Infelizmente às vezes não percebemos isso e passamos nossa existência colecionando ‘NÃO’: 
a viagem que não fizemos,
o presente que não demos, 
a festa que não fomos, 
o amor que não vivemos,
o perfume que não sentimos. 
A vida é mais emocionante quando se é ator e não expectador, 
quando se é piloto e não passageiro, 
pássaro e não paisagem, 
cavaleiro e não montaria. 
E como ela é feita de instantes, 
não pode nem deve ser medida em anos ou meses, 
mas em minutos e segundos. 
Esta mensagem é um tributo ao tempo. 
Tanto aquele tempo que você soube aproveitar no passado quanto aquele tempo que você não vai desperdiçar no futuro. 
Porque a vida é agora. 
Não tenha medo do futuro, 
apenas lute e se esforce ao máximo para que ele seja do jeito que você sempre desejou. 
A morte não é a maior perda da vida.
A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.
Dalai Lama

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Investir no sossego do próprio coração.


Investir no sossego do próprio coração é algo tão complexo por causa da sua simplicidade. Porque ser simples é uma das coisas que mais dificulta a nossa vida. Investir no sossego do próprio coração é não abrir uma brecha, que poderá virar uma represa, para alguém que não está disponível afetivamente. É prestar atenção nos sinais e indícios que a pessoa dá, logo nos primeiros encontros, do tamanho do sofrimento ou da alegria que ela poderá lhe proporcionar. É saber-se só em quaisquer situações, mesmo acompanhado, pois as consequências de nossas escolhas são absolutamente nossas.
Investir no sossego do nosso próprio coração é saber que aquilo que está doendo deverá ser extirpado e não manter apego ao sofrimento, por mais que o uso do bisturi cause quase a mesma dor. É proporcionar-se bons momentos divorciando-se de tantos lamentos. É não adiar sofrimento postergando decisões tão necessárias. É não se acomodar com a falta de excitação pelas coisas, pessoas, trabalho. É saber-se merecedor de experienciar um amor inteiro, intenso, extenso, imenso, verdadeiro... Recíproco! É aumentar, um pouquinho a cada dia, o seu tamanho. É ter a certeza e a confiança de que as coisas têm um encaixe, mas que é preciso deixar ir, ou ir ao encontro, ou conformar-se com o desencontro, ou esquecer, ou lembrar-se de outras coisas, ou relacionar-se de outra forma.
Investe no sossego do próprio coração quem não rumina o que machuca, quem não fica descascando a ferida impedindo que a mesma cicatrize, quem não se disponibiliza de maneira subserviente e em tempo integral ao ponto de ser desvalorizado ou descartável, quem não aceita menos do que merece: coisas pela metade. Investe no sossego do próprio coração quem sofre, grita, chora, mas cresce! Quem não se repete, quem se surpreende consigo mesmo, quem trabalha o desapego, quem se abre para as coisas que possuem mais calor e sensibilidade.
Investir no sossego do próprio coração é coisa que não vem com a idade, mas com a ideia de que se pode vivenciar um momento de paz e repouso, é desocupar o peito para abrir espaço para o novo, é entregar-se ao desconhecido com inocência e totalidade, é não ter medo de pronunciar verdades, é ser honesto consigo, com o outro.
Investe no sossego do próprio coração quem não se contenta com pouco.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Perseverança



Jogo a minha rede no mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração marejado, arrumo, como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei, a força que me move. Guardo a minha rede e deixo o dia dormir.

Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me acostumar com essa ideia. Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.
Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar. E eu estarei lá na beira da praia de novo.

Ana Jácomo

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A força e a fraqueza de um ser


Eram duas horas da madrugada quando meu celular tocou. A voz masculina disse que havia aceitado me dar entrevista. Perguntei, tonta de sono, quem estava falando. “Fábio”, respondeu. Então lembrei: era o entrevistado que eu estava caçando há duas semanas para uma pauta difícil que teria de encarar. Tema: suicídio.

Fábio havia tentado se matar. Ele era um suicida fracassado – ou um sobrevivente abençoado? A vida tinha sido mais forte do que a corda que ele amarrou em seu pescoço, procurando a morte. Cada fibra do seu coração era ainda mais resistente do que o nó de escoteiro que ele fez com a corda ao redor da garganta. E nem me pergunte como cheguei à história de Fábio. Todo jornalista conhece alguém, que conhece alguém, que conhece alguém que já aprontou todas e está disposto a contar sua história, nem que seja depois de um pouco de insistência.
Mas ele não queria conversar pessoalmente. Fábio não queria que eu encontrasse a história em seus olhos. Ele queria contar as coisas sem que eu constatasse sua comunicação corporal, sem saber suas feições, sem conhecer as reviravoltas de suas sobrancelhas de acordo com os fatos que narraria. Em contrapartida, ele também não queria presenciar a empatia que adivinhava que eu teria; a transformação que (quase) todo repórter sofre, ao ouvir histórias comoventes.
Na manhã seguinte, telefonei da redação para Fábio. Ele contou uma das histórias mais agressivas que já ouvi na minha vida. Descobriu, aos 17 anos, que era homossexual. Contou para a família que, revoltada, o mandou para um colégio militar. Lá, foi torturado psicologicamente e, logo depois, estuprado por seus colegas. Ao ouvir esse relato, dei graças a Deus que não estava na frente dele. Fiquei branca, tonta, pensei que ia desmaiar. Essa história me desceu como uma bola de espinhos, rasgando meu peito.
Vivo por ser um fracassado
Chorei em silêncio, do outro lado do telefone. Tentei manter a voz firme para que ele não percebesse o quanto eu estava destreinada para ouvir esse tipo de coisa. Meus colegas passavam ao meu lado enquanto entrevistava Fábio pelo telefone. Muitos pararam, assustados ao ver que eu estava chorando, e perguntaram se estava bem. Eu respondia que sim, com o polegar. Mas estava destruída por dentro, depois de engolir essa história. Minhas mãos tremiam, mal conseguia segurar o telefone.
Fábio havia tentado se enforcar em casa, em seu quarto. Os pais o encontraram ainda com vida, amarrado pelo pescoço. A morte foi interrompida quando fazia a contagem regressiva para Fábio: cinco segundos para morrer! Quatro segundos para morrer! Três segundos para morrer! Dois segundos para morrer! E então, a pessoa que deu vida ao garoto, devolveu-lhe a vida neste momento: a mãe. Ela odiava homossexuais, mas ver a morte do filho era pior do que vê-lo feliz ao lado de outro homem.
Agradeci a Fábio pelo relato, selecionei duas ou três frases clichês de incentivo – mal conseguia pensar em algo inteligente e produtivo para falar – e mandei-me embora da redação do jornal. Bebendo café, na cantina, pensei muito sobre a vida, a morte, as doenças mentais que nos aproximam do outro lado e o quanto somos frágeis. A ideia de que a morte aliviará as nossas dores é misteriosa e fácil. Estar vivo é sentir dor. A dor é o sintoma da vida. Lidar com a dor é crescer. Ceder à dor é a morte devagar.
A conversa de Fábio povoou meu sono de pesadelos. Muitas vezes acordei de madrugada, achando que o telefone estava tocando. E se fosse Fábio, me contando que havia tentado se matar de novo?
A matéria foi publicada com certo alvoroço. Muita gente ficou desconfortável com essa história. Um anti-herói que estava vivo por ser um fracassado. A morte não era boa o bastante para Fábio, me falaram. Mas eu mal acompanhei a reação dos leitores. Estava com a cabeça perdida em reflexões sobre a nossa fragilidade e força em cima desse mundo chamado planeta Terra. Ser humano: criaturas ambíguas, fortes o bastante e fracas o suficiente para lidar com a vida. E com a morte.
***
[Por Vanessa Bencz em 29/11/2011 na edição 670 - Vanessa Bencz é jornalista, Joinville, SC]

Conta pra mim.



Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava. Conta por que nada do que diz sobre você me parece novidade, como se eu estivesse lá, nos lugares que relembra, quando eu sei que não estive. Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos. Onde nasce a facilidade para ouvir a música de cada um dos seus sorrisos. Onde nasce essa compreensão das coisas que revela quando cala. Conta de onde vem a intuição da sua existência tanto tempo antes de nos encontrarmos.

Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci. Conta de onde vem a sensação de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos. De que ouvimos muito além do que dizemos. De que as palavras, às vezes, são até desnecessárias. Conta de onde vem essa vontade que parece tão antiga de que os pássaros cantem perto da sua janela quando cada manhã acorda. De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz.

Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem essa repentina admiração tão perene. De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem. Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu. De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro. Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar.

Conta pra mim por que, por mais que a gente viva, o amor nos surpreende tanto toda vez que vem à tona.

Ana Jácomo.