Reflexões sobre os 40 anos

 DOMINGO, 24 DE JUNHO DE 2.012.

RETIFICAÇÃO.

Venho aqui nesse espaço só meu, fazer uma retificação da descrição de mim mesma.
No perfil do meu blog me defino como uma pessoa que sempre quis ser outra... O que mudou depois dos 40 anos? Qual foi a grande constatação catártica que fiz?
O que sempre busquei na minha vida nunca foi ser outra pessoa, mas tem o direito de ser exatamente como eu sou. 
A vida toda busquei alternativas para me assemelhar com algo que fosse socialmente aceito, mas agradável, mais palatável, mais social.
Ao fazer 40 anos entendi que perdi grande parte desse tempo sofrendo por não conseguir aceitar que algumas coisas não mudam jamais.
Não sou eu que tenho que mudar para ser suportável. O processo é inverso! Eu tenho que aprender a lidar com as limitações que a vida me impôs, me colocou e as que eu mesma coloquei.
Pautei grande parte desses 40 anos com um grau de excelência inalcansável. 
Sofri absurdamente para parecer agradável a quem, pelo menos no senso comum, deveria me amar como sou. A constatação de tudo isso foi mais difícil do que é administrar essa realidade.
Sou um tipo de gente que não existe mais, talvez nem nunca tenha existido.
Vi no facebook uma frase que valida oque digo. No livro O caçador de pipas tem uma fala que é mais ou menos assim: "Esse é o problema das pessoas que são sinceras: acham que todo mundo também é."
 Oque tem isso a ver com o que sinto? O problema de ser quem eu sou é achar que todo mundo também é assim. Não tenho meias palavras, sou intolerante com hipocrisia, meu verniz social simplesmente não existe.
Sou do tipo de gente que briga pelos amigos, que os defende, que se preocupa com eles. E eles? Melhor nem comentar.
Hoje é um dia de desabafo, de indignação, de revolta.
Revolta por não conseguir ser ao menos ouvida, que dirá entendida e aceita.
A vida me deu um modelo de desamor do qual eu não consegue me desvencilhar. Na vida das minhas filhas estou experimentando um outro modelo. Que frutos será que vou colher? De que me acusará minha filha adolescente daqui a alguns anos? De ama-lá demais (Ah! Você me sufocou!), de tê-la tornado uma tirana? (Ah! Você sempre fez tudo oque eu quis!)
Espero que consiga ter uma filha realizada, rebelde (pq isso é próprio da adolescência), mas acima de tudo, uma filha que se olhe no espelho e estejam feliz com oque vê. Que se ache bonita e capaz de encantar alguém pelo simples fato de ser exatamente do jeito que é.
Talvez nesse momento eu consiga transcender a todos os meus dramas pessoais. quando eu finalmente descobrir que o erro jamais esteve em mim.
Seria uma redenção.



SEXTA-FEIRA, 27 DE MAIO DE 2.011.

ESTAGNAÇÃO...

Estou a exatos 10 meses de uma data que sei será cataclísmica pra mim.
Me entristece saber que pouco terei conseguido para tornar essa data tão terrível, menos dramática. Chego a me deprimir com antecipação.
Tramei tanta coisa, idealizei tantas outras, mas sei que tudo será como sempre, afinal... tenho procrastinação crônica.
Pior que a culpa não será de ninguém, só minha mesmo.
O máximo será passar esse terrível dia longe de tudo e de todos.


SEXTA-FEIRA, 06 DE MAIO DE 2.011.






2ª Reflexão: Sou uma pessoa simples!

Parece um absurdo essa afirmação, mas é a mais pura verdade.
Meu marido sempre ironiza quando digo isso. Disse não conhecer ninguém mais complicada.
Minha natureza é simples. Não gosto de rapapés, nove-horas. Não gosto de gente que pensa demais pra responder, que não olha nos olhos. Não gosto de frescuras.
Sou transparente. Quem for tolerante para um segundo olhar, de cara me define.
Isso me causou milhares de transtornos pela vida. Ninguém tolera alguém com um jeito tão Sherek de ser.
Por outro lado, nesses 39 anos tive amigos de verdade. Meus amigos são pessoas com quem posso contar a qualquer momento. São dois ou três no máximo, mas são como irmãos.
Já disse isso aqui outras vezes, quis muito ser outra pessoa. Alguém que julgasse ter menos dificuldade em lidar com os outros, afinal "o social" é o meu ponto mais frágil.
Alguém que sorrisse mais, que as pessoas não temessem pela cara amarrada, que fosse simpática. Olha que coisa simples, eu queria ser simpática.
Um dia uma pessoa muito querida fez um comentário tão sincero e espontâneo sobre o que pensava de mim, que não fiquei sequer magoada. Ao comentarem quem minha filha mais nova teria puxado, por ser extremamente risonha, ela conclui: "- Puxou ao pai... ela é feliz!"
Não fiquei triste com ela, mas com a percepção que ela tem de mim. Não sou infeliz por que não sorrio à todo momento. Tenho sim é uma tremenda dificuldade em socializar.
As poucas pessoas que convivem comigo sabem que sei sim sorrir. Infelizmente tenho defesas demais para estender para além dos meus dois ou três amigos.
Como já disse existem algumas vantagens em ser assim. Como logo as pessoas desistem, não perco meu tempo com gente que não valha à pena.
Existem poucas pessoas que eu gostaria realmente de ser. Uma pessoa assim é a Cristina. Cris para a maioria das pessoas, mas sou tão Ogra que nem me permito ser tão íntima rsrsrs.
Ela tem personalidade, é linda, é doce, meiga, delicada. Ah! como eu já quis ser como a Cristina.
Não podendo ser ela continuo sendo eu mesma, sutil como um elefante em uma loja de cristais.
Não sendo uma pessoa mimosa  restou-me aguardar, como Fiona, alguém que me resgatasse da torre mais alta do quarto mais alto, protegida por um feroz dragão.
Falta sutileza, sobra franqueza.
Enfim... essa é minha vida.. esse é o meu clube.




TERÇA-FEIRA, 03 DE MAIO DE 2.011.

1ª Reflexão: A natureza humana.

Estou caminhando para uma data muito especial da minha vida: 40 anos!
Resolvi fazer uma série de reflexões sobre esse 40 anos. Coisas que aprendi, onde mais errei, onde acertei, coisas que gostaria que mudasse, coisas que sei que nunca mudarão, lições que aprendi.
É mais um bate papo comigo mesmo sobre as experiências que tive e de que maneira elas mudaram a minha vida.
Nada fantástico... nada demais...tudo de mim.
Hoje, em especial, gostaria de começar falando sobre a natureza das pessoas e mais especificamente ainda, da minha.
Tenho um temperamento difícil, natureza belicosa, coisa de gente que sempre teve que brigar muito pra conseguir sobreviver. Nada de dinheiro, alimentação etc... Lutar para ter vez...voz.
Nada foi fácil, nada será pra mim.
Aprendi a conviver com isso como o alcoolista entende que é um doente e que sempre estará tentado ao próximo gole.
Por mais que vivencie os dramas do esteriótipo, nunca consigo me acostumar a isso.
Levanto, sacudo a poeira e desinfecciono a ferida. Ela sempre sangra da mesma maneira.
Quis muito ser diferente, tentei muitas vezes, desisti todas elas.
Quando sangra mais? Quando as pessoas que em tese teríam que me conhecer melhor são as primeiras a colocar o dedo na ferida.
Algumas dessas pessoas parecem ter prazer em fazer isso, o que me machuca demais.
Já é impraticável aceitar que outro ser humano não consiga olhar o outro além da sua aparência, que dirá alguém que deveria te proteger, te enxergar com os olhos de um estranho.
Nunca é fácil, nunca é impune.
São dores que o tempo não cura, o perdão não faz parar de sangrar.
Esse é um fator que nunca conseguirei mudar.
Faz parte da minha natureza.
E se tem alguma coisa que a vida me ensinou é que nada é mais forte do que a nossa própria natureza!