sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Atritos


Ninguém muda ninguém; ninguém muda sozinho; nós mudamos nos encontros.
Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos transformamos, somos transformados a partir dos encontros, desde que estejamos abertos e livres para sermos impactados pela idéia e sentimento do outro.
Você já viu a diferença que há entre as pedras que estão na nascente de um rio e as pedras que estão na sua foz? As pedras da nascente são toscas, pontiagudas, cheias de arestas. À medida que elas vão sendo carregadas pelo rio, sofrendo a ação da água e se atritando com as outras pedras, ao longo de muitos anos, elas vão sendo polidas, desbastadas, assim também agem nossos contatos humanos.
Sem eles, a vida seria monótona, árida.
A observação mais importante é constatar que não existem sentimentos, bons ou ruins, sem existência do outro, sem o seu contato. Passar pela vida sem se permitir um relacionamento próximo com outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar. É começar e terminar a existência com a forma tosca, pontiaguda, amorfa.
Quando olho pra trás, vejo que hoje carrego em meu ser várias marcas de pessoas extremamente importantes. Pessoas que, no contato com elas, me permitiram ir dando forma ao que sou, eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor, mais suave, mais harmônico, mais integrado.
Outras, sem dúvida, com suas ações e palavras me criaram novas arestas, que precisaram ser devastadas. Faz parte…
Reveses momentâneos servem para o crescimento. A isso chamamos experiência. Pense que existe algo mais profundo, ainda nessa análise. Começamos a jornada da vida como grandes pedras, cheias de excessos, os seres de grande valor, percebem que ao final da vida, foram perdendo todos os excessos que formavam suas arestas se aproximando cada vez mais de sua essência e ficando cada vez menores, menores, menores…
Quando finalmente aceitamos que somos pequenos, ínfimos, dados a compreensão da existência e importância do outro, e principalmente da grandeza de Deus, é que finalmente nos tornamos grandes em valor.
Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado? Sabemos quanto se tira de excesso para chegar ao seu âmago. É lá que está o verdadeiro valor…
Pois, Deus fez a cada um de nos um âmago bem forte e muito parecido com o diamante bruto, constituído de muitos elementos, mas essencialmente de amor. Deus deu a cada um de nós essa capacidade, a de amar…
Mas temos que aprender como. Para chegarmos a esse âmago, temos que nos permitir, através dos relacionamentos, ir desbastando todos os excessos que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar.
Por muito tempo em minha vida acreditei que amar significava evitar sentimentos ruins. Não entendia que ferir e ser ferido, ter e provocar raiva, ignorar e ser ignorado faz parte da construção do aprendizado do amor. Não compreendia que se aprende a amar sentindo todos esses sentimentos contraditórios e… Ou superando. Ora, esses sentimentos simplesmente não ocorrem se não houver envolvimento… E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final: ATRITE-SE! Não existe outra forma de descobrir o AMOR. E sem ele a VIDA não tem significado.
Roberto Crema 

Psicólogo e Antropólogo do Colégio Internacional dos Terapeutas - CIT, analista transacional didata, criador do enfoque da síntese transacional, consultor em abordagem transdisciplinar holística e ecologia do Ser. Foi o coordenador geral do I Congresso Holístico Internacional (1987) e implementador da Formação Holística de Base, no Brasil (1989). Membro honorário da Associação Luso Brasileira de Transpessoal - ALUBRAT, Fellowship da Findhorn Foundation - Escócia, coordenador do CIT-Brasil, Reitor da Rede Unipaz. Autor de diversos livros.

Um comentário:

  1. Simplesmente perfeitoooo! Olha, é isso que sinto dentro do meu coração, Suzy! Dpois de ter passado por tantos relacionamentos conturbados e hoje estando neste relacionamento tão árduo, tão vivo, com tanto atrito, percebo que é um grande aprendizadao, que temos que viver e nos relacionar... e que na nossa vivência, 50% de nosso aprendizado vem de nós, e os outros 50% vem dos outros que convivemos, pois estes são quem nos lapida!


    Amei sua visita lá no blog!


    Beijos, linda! =D


    Cáhh Chaves.

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