domingo, 24 de abril de 2011

O urso e a panela

Hoje foi um dia diferente... em muitos aspectos.
Refletindo sobre aquela máxima de que só saberemos quem são nossos pais quando formos pais (o que ainda considero um enigma, além de uma ameaça!) conclui que no meu caso algumas coisas já se decifraram.
Aprendi que as palavras ditas por uma mãe se tornam verdades insofismáveis. Praticamente impossível se desvencilhar delas depois.
Mesmo que façamos exatamente o contrário do que nos foi aconselhado pela mãe, aquelas palavras nunca mais saem da nossa cabeça.
Não vou entrar no mérito da questão, mas é a mais pura verdade!
Uma vez minha mãe me contou uma historinha, em um momento muito peculiar da minha vida. Não fiz o que ela queria, mas a historinha nunca mais me abandonou.
Hoje ela se aplicou a mim.
Meu dia foi completamente diferente dos demais domingos. Achei que seria punk, que sofreria, que morreria.
Soltei a panela quente, consegui!!!
Sobrevivi e foi demais!!!

Certa vez, um urso faminto perambulava pela
floresta em busca de alimento.
A época era de escassez, porém, seu faro aguçado
sentiu o cheiro de comida e o conduziu
a um acampamento de caçadores.
Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento
estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas,
e dela tirou um panelão de comida.
Quando a tina já estava fora da fogueira,
o urso a abraçou com toda sua força e enfiou
a cabeça dentro dela, devorando tudo.
Enquanto abraçava a panela, começou a
perceber algo lhe atingindo.
Na verdade, era o calor da tina...
Ele estava sendo queimado nas patas, no peito
e por onde mais a panela encostava.
O urso nunca havia experimentado aquela sensação e,
então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo
como uma coisa que queria lhe tirar a comida.
Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto
rugia, mais apertava a panela quente contra
seu imenso corpo.
Quanto mais a tina quente lhe queimava,
mais ele apertava contra o seu corpo e
mais alto ainda rugia.
Quando os caçadores chegaram ao acampamento,
encontraram o urso recostado a uma árvore
próxima à fogueira, segurando a tina de comida.
O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram
grudar na panela e, seu imenso corpo,
mesmo morto, ainda mantinha a expressão
de estar rugindo.

Quando terminei de ouvir esta história, percebi que,
em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas
coisas que julgamos ser importantes.
Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam
por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as
julgamos importantes.
Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca
numa situação de sofrimento, de desespero.
Apertamos essas coisas contra nossos corações
e terminamos derrotados por algo que tanto
protegemos, acreditamos e defendemos.
Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário
reconhecer, em certos momentos, que nem sempre
o que parece ser o melhor vai lhe dar condições de
prosseguir, de ser feliz.
Tenha a coragem e a visão que o urso não teve

Tire de seu caminho tudo aquilo que faz seu coração arder.

Solte a panela!


2 comentários:

  1. Fico imensamente feliz que vc tenha curtido o final de semana diferente que tivemos. Prometo que num futuro não muito distante faremos coisas ainda mais interessantes e melhores. Mas garanto que passar uma parte da tarde com vc olhando o rodobanha com as pernas pro ar foi muito bom!!! Te amo, teu.

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  2. "A natureza foi tão parcial com o homem que, inclusive, ele pode ignorar, pode não saber, precisa ser informado da própria paternidade; e, mesmo informado, pode se dar ao luxo de duvidar, de não acreditar. Já a mulher, nunca. Ela jamais poderia duvidar, ignorar, não acreditar na sua maternidade. Não é preciso que lhe digam, não é preciso que a informem. A maternidade estará, nela, através de mil e uma manifestações nítidas, indiscutíveis, insofismáveis, manifestações físicas e psíquicas". A mulher é uma vítima da natureza, In: Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo. Nelson Rodrigues (Myrna).

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