terça-feira, 2 de junho de 2015

CONFISSÃO



Tente dizer eu te amo para quem você não ama.
Vai fracassar. A declaração trava, engasga, nem com cachaça para descer.
O eu te amo não permite impostores. Não aceita mentirosos, falsificadores, farsantes.
Você não precisa ter absoluta certeza para dizer o eu te amo, mas não pode ter dúvida.
O eu te amo depende do ato de se imaginar junto, de se imaginar acordando e dormindo junto, de prever viagens e longas conversas de madrugada.
Você não precisa acreditar cem por cento na relação, mas já sente a esperança de amar, a possibilidade de amar, a facilidade de amar.
Não dá para dizer eu te amo quando percebe que não há futuro.
Talvez seja o momento mais cruel de um encontro, deixar alguém no vácuo, condenado a não responder para quem confessou te amar.
Poderá contemporizar e explicar que gosta muito, que vem curtindo o convívio, que adora a companhia. Não é a mesma coisa.
O eu te amo é tão sério que não tem como brincar. É uma confissão de morte. A morte do que você já foi um dia.
Fabrício Carpinejar

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