sábado, 16 de fevereiro de 2013

THE WINNER IS

E pra quem venceu a si mesmo? Oque é reservado?
Sou um ser humano que sobreviveu a um holocausto, e daí? De que me serve?
As cicatrizes que trago dos ferimentos que sofri me desfiguraram a face, me tornei uma massa disforme incapaz de atrair para si mesmo um olhar sequer de piedade, que dirá de cuidado.
De que adianta ter escapado com vida das intempéries se me tornei um ser amputado incapaz de me defender.
Pra que serve estar aqui agora, se a dor que dilacera meu peito me impede de apreciar a preciosidade que é estar vivo. Aliás, por que temer a morte se meu espírito já se entregou à ela?
Quando olho para trás e verifico o caminho que percorri, vou me deparando com meus destroços emocionais e fico pensando: Do que me valeu passar por tudo isso?
Chegando na minha origem e de lá olhando para o meu percurso uma certeza me assola, nunca foi diferente.
Sou um combatente que só lutou, nunca viveu um momento de trégua, nunca houve um acordo de paz, mesmo que me garantisse as mínimas vantagens.
Um guerreiro sem água, sem comida, sem teto, sem estímulo.
O que me trouxe até aqui?
Das demandas que tive na vida, de nenhuma delas sai vencedor. Sobrevivi a elas muitas vezes fugindo como um rato imundo para o esgoto mais próximo, como uma barata repugnante, que se acomoda nos mínimos espaços.
Sobrevivi.
Mas pra que? Por que? Qual o propósito disso tudo?
Hoje reúno meus andrajos, pego aqui e ali um caco, um galho, uma pedra e tento travar mais uma batalha. talvez seja a minha grande batalha, possivelmente a maior.
Sem qualquer estímulo e dilacerado pelo pavor, sinto-me mais tentado a me entregar ao inimigo do que me movimentar em um campo de batalhas.
Até por que sou um soldado raso, sem qualquer condecoração. Não sirvo como homem abatido pelo meu opositor.
E por que continuar? Por que já me foi roubado o que anima os seres humanos, a vontade.
Sou um zumbi que continua de pé reagindo aos instintos primários.
Só espero que o inimigo aceite minha humilde rendição e que minha morte me traga um pouco de dignidade.

TEMOR.

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